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domingo, 5 de abril de 2009

Há 10 anos a Matrix chegava ao deserto do real.

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Uma das frases mais famosas do cinema que até hoje repica nas nossas mentes é: “bem-vindo ao deserto do real”.

No dia 31/03/2009 o filme Matrix completou 10 anos de aniversário.
Normalmente o cinema e o teatro bebem no veio literário para dar vida aos seus personagens. No entanto, pela primeira vez na história um roteiro de um filme nasce totalmente autônomo de qualquer peça literária – ele mesmo se tornou uma peça literária capa de original um livro, coisa que não ocorreu e, se tivesse ocorrido, talvez houvesse amealhado uma parte do sucesso do filme.

Como uma obra tão hermética obteve tanto sucesso? Um thriller que mistura Kung-Fu, faroeste, filosofia oriental, games e elementos de cyberpunk tinha tudo para fracassar rotundamente, que seria um prêmio justo por não repisar a ortodoxia explorada pelos filmes que alcançaram sucesso até 1999. Talvez justamente o ineditismo da proposta de Matrix tenha sido a sua maior força e o motivo de ter arrastado multidões aos cinemas... apesar de até hoje a maioria dos espectadores não terem decodificado as subtilidades embutidas no enredo.

1999 –Caleidoscópio filosófico.
O insólito mix de realidade virtual, cibernética, inteligência artificial, infovias, universos paralelos e deformações do espaço/tempo só é real atualmente quando se concretizou a Second Life, games de última geração e redes sociais. Hoje compreendemos a Matrix e nos sentimos dentro dela.

2000 – As chaves da simbologia.
Os irmãos Andy e Larry Wachowski não escondem que usaram elementos da filosofia oriental para cimentar a sua distopia. É só procurar que lá estão os códigos do bhagavad gita, zoroastro, tarô, etc. O não domínio destes códigos reduz o filme a um Kung-fu de ficção científica.

2001 – O Um.
O “The One” do filme, traduzido para o português como “O Escolhido” é o messias que não pode faltar a nenhuma jornada de auto-realização. Os irmãos Wachowski, mais uma vez fiéis à sua intenção de atualizar as cosmogenias antigas à linguagem moderna, resgataram a figura do Messias, Cristo,Quetzalcóatl. Porém, ao invés das esvoaçantes túnicas brancas de milhares de anos atrás, vestiu o iniciado com a famosa capa preta digna de um legítimo herói Pop contemporâneo.

2002 – A realidade é a ilusão.
As formas do mundo sensível são ilusórias e o real é feito de bits. Eis uma reinterpretação tributária à dualística Budista de Maya (ilusão) versus real.

2003 – O Oráculo.
Dentro da máquina habita a contradição: se o mecanicismo dominar totalmente, não haverá espaço para a renovação e se a revolução imperar, somente haverá o caos. A simpática velhinha que encarna o Oráculo é resolução deste dilema, ou seja, o tempero insólito implantado na uniformidade do determinismo com o objetivo de dar alguma chance à renovação. A verdadeira natureza do Oráculo só será revelada ao longo dos dois filmes finais da trilogia.

2004 – O sistema.
Neo leva duas vidas distintas, uma idônea num emprego idôneo e uma outra de criminosos cibernético. O sistema tolerou as suas peripécias no submundo do crime até ele se tornar uma ameaça, quando os agentes decidem implantar um chip de rastreamento. O sistema na Matrix é o controle, a vigilância, é a analogia do conceito implantado hoje em dia da “liberdade eletronicamente vigiada”. Visionariamente os roteiristas, ao revisitar a visão do Big Brother do livro de George Orwell “1984”, profeticamente anteviram o nosso tempo cheio de câmeras e lentes espiãs instaladas em satélites.

2005 – A inteligência da máquina.
O Golem proposto na Matrix é o de uma inteligência que se apossa da máquina e domina o criador. A conflituosa relação criador/criatura é recorrente na FC, plasmada na famosa criação do Dr. Frankstein. Assim, na distopia construída no roteiro de Matrix a inteligência extra-humana é brutalmente opressora. Pode-se depreender um reducionismo conceitual que confina necessariamente qualquer manifestação de inteligência extra-humana ao reino do mal.

2006 – Morpheu.
A Matrix retrata a história do Iniciado, Neo (neófito) ao longo de uma trajetória de auto-conhecimento. Ora, todo o iniciado necessita de um mestre que acredite, descubra e treine. O papel de Morpheu (na mitologia o Deus do Sono) resgatar o neófito do adormecimento. Na linguagem cinematográfica, o personagem Morpheus entrega a Neo as duas pílulas que representam o despertar, ou a aceitação definitiva do sonho. Todavia, mesmo depois do despertar, o Iniciado continua precisando do mestre para lhe indicar o caminho.

2007 – A iluminação.
Na dualidade budista ilusão/realidade, aquele que atinge a iluminação não sonha mais. O iluminado vive no mundo, mas não para o mundo. Ele se alija da roda do sofrimento e assume o controle do próprio destino. A grande narrativa escrita pela humanidade é a jornada do auto-conhecimento sob as diferentes formas, desde livros sagrados às mitologias dos heróis. O destino de Neo é a Iluminação que acontece somente no final do 3º filme, quando ele renuncia peremptoriamente ao próprio Eu e morre/renasce numa nova realidade.

2008 – O Computador.
O roteiro de Matrix trabalhou com o pressuposto mecanicista e determinista sistematizado pelo grande filósofo moderno René Descartes. O computador gerador da Matrix é máquina e natureza, ele encarna tudo que está aí e subjacente as miríades de prédios, ruas e cidades, há a realidade imperceptível. Contrariando o sistema cartesiano em que a realidade se confunde com o mecanismo de relojoaria, a Matrix trabalha com o conceito dualístico da possibilidade da realidade existir somente fora da máquina.

2009 – O Universo e a Matrix.
O universo é dualístico: no mundo da mente vivem os adormecidos, pessoas que acordam, tomam café e vão para os seus trabalhos, comem e voltam para casa, jantam, assistem TV e dormem novamente e no dia seguinte repetem a mesma sanha, durante a vida inteira. Até que se aposentam e morrem sem nunca ter se dado conta da função de tudo aquilo.

A Matrix não é o Universo, ela faz parte do universo e o filme, fiel a tradição budista, situa o plano da Matrix na mente, no mundo dos desejos e dos apegos. A grande mensagem propalada por este Hit da era da informação é que os humanos estão adormecidos e não se dão conta disto, já que as suas almas estão presas em casulos.

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