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quinta-feira, 26 de março de 2009

As Árvores mais Antigas do Brasil

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Pouco estudados, os milenares jequitibás estão ameaçados de extinção 


Imagine seres ainda vivos que tenham nascido antes, muito antes do surgimento do Império Romano ou do advento do cristianismo. Produto da ficção? Não, obra da natureza. Sobreviventes da devastação promovida ao longo dos séculos nos cinco continentes, árvores milenares podem ser encontradas em reservas e parques florestais de países como Estados Unidos e Austrália. No Brasil, a espécie mais longeva é a do jequitibá  e também uma das mais desprotegidas. O jequitibá mais bonito de Minas Gerais, localizado na cidade de Carangola, queimou durante dez dias no mês passado. O fogo consumiu o interior do tronco, formando uma cratera dentro da qual a equipe da Polícia Florestal circulava facilmente. "Caberiam mais de dez pessoas", espanta-se o sargento Gerson dos Santos Teixeira, que trabalhou de sol a sol jogando água na árvore de 54 metros de altura. O fogo foi criminoso, a polícia garante, mas ainda não há suspeitos. Também não se sabe com certeza se o jequitibá, com seus estimados 1.500 anos de vida, conseguirá sobreviver. "A árvore está muito debilitada. O vazio do tronco afetou o sistema de condução de seiva e a sustentação. Só nos resta esperar sua reação", afirma o biólogo Braz Cosenza. 


No início de outubro, um galho com meio metro de diâmetro despencou do alto do jequitibá Patriarca, em Santa Rita do Passa-Quatro, no interior de São Paulo, considerada a árvore mais velha do Brasil. O cálculo da idade é do biólogo Manuel de Godoy  segundo ele, o jequitibá-rosa tem 3.020 anos. "Quando Jesus Cristo veio à Terra, ele já era um senhor de 1.000 anos", comenta ele. Na copa dessa árvore portentosa, de 39 metros de altura, vivem tucanos, macacos e cerca de 20.000 outras plantas. Toda essa história pode estar seriamente ameaçada. O engenheiro florestal Heverton José Ribeiro, responsável pelo parque estadual de Vassununga, onde o jequitibá está localizado, suspeita que o galho apodreceu e caiu por causa da ação de brocas, insetos que devastam árvores. "As brocas talvez ataquem outros galhos e também pode haver infiltração de água na ferida, facilitando a ação de fungos e cupins", explica. 

             O biólogo Godoy, em 1972, quando fez uma das primeiras medições:
             A árvore mede 39 metros, o equivalente a um prédio de treze andares 
             A copa tem altura de 19,40 metros e diâmetro de cerca de 40 metros 
             O tronco mede 19,60 metros 
             2,40 metros de diâmetro a 13 metros do solo 
             Para abraçá-la é preciso reunir dez homens
             A 1,65 metro do solo, o diâmetro da árvore é de 3,6 metros e a circunferência, de 11,5 m.
             A raiz mais funda vai a 18 m de profundidade e a mais comprida atinge até 30 m p/ o lado 
            O peso total é de 264 toneladas 
            O Patriarca e o disco de um jequitibá de 179 anos com os anéis marcados.
  

Monumentos  Os jequitibás são árvores nativas da Mata Atlântica brasileira, existentes apenas na Região Sudeste e em alguns Estados vizinhos. Deveriam ser considerados monumentos nacionais, como acontece com as famosas sequóias americanas e com um pinus da região de Serra Nevada, na Califórnia  do alto de seus 4.800 anos, ele é o ser vivo mais antigo do mundo. A maior parte dos jequitibás, porém, foi cortada para se transformar em material de construção e mobiliário ou, então, simplesmente derrubada para dar lugar a plantações. Hoje, as árvores remanescentes pertencem ao clube das espécies vegetais em via de extinção. É possível que elas pereçam sem nem mesmo ter sido objeto de estudos mais cuidadosos. Até sua longevidade é motivo de controvérsia. Embora seja possível aferir a idade de uma árvore com métodos científicos, eles nunca foram empregados com a acuidade necessária no caso dos jequitibás. 

O método mais aceito pelos botânicos é a contagem dos anéis de crescimento no tronco da árvore. No Hemisfério Norte, os cientistas já comprovaram que, em todas as espécies lá existentes, cada anel é formado ao longo de um ano. A parte mais escura do anel é traçada durante as estações mais frias, quando a árvore entra em uma espécie de repouso metabólico. A melhor maneira de contá-los é por meio da introdução de uma sonda na planta, que retira um pedaço do tronco, da casca até o centro, no qual os riscos são visíveis. Ao ser transplantado para as árvores tropicais, no entanto, o método embolou. "Como aqui as estações não são bem definidas, acreditava-se que os anéis não seguiam um padrão de tempo regular", afirma Mário Tomazello Filho, chefe do laboratório de anéis de crescimento do departamento de ciências florestais da USP de Piracicaba. Para acabar com as dúvidas, antes de usar o método é preciso confirmar em uma árvore viva se os anéis se formam a intervalos de doze meses. "Já foi provado que isso acontece com algumas espécies brasileiras, mas nunca com o jequitibá", diz Verônica Angyalossy Alfonso, do Instituto de Biociências da USP. 

Apaixonado pelo jequitibá de Vassununga desde os 16 anos, quando organizou uma expedição até a árvore, que, diziam os mais velhos, precisava de doze homens para ser abraçada, o biólogo Manuel de Godoy decidiu estabelecer sua idade. As medições da árvore começaram na década de 70. Em 1988, ele pegou três discos de troncos de jequitibás mortos, contou os anéis de cada um e mediu os diâmetros. Colocou os dados no computador e estabeleceu uma relação entre idade e largura do tronco. Com esse parâmetro, concluiu que os 3,6 metros de diâmetro do Patriarca correspondiam a 3.020 anos de idade. Contra o cálculo feito por Godoy já foram levantadas várias suspeitas. Tomazello diz que a média de crescimento do diâmetro do tronco de uma peroba, por exemplo, é de 5 milímetros por ano. Pelos números de Godoy, o Patriarca teria crescido pouco mais de 1 milímetro por ano. "Como esse incremento anual é muito pequeno para uma espécie tropical, supõe-se que ele seja mais jovem", afirma o professor de Piracicaba. O estudo de Godoy pode não ter rigor científico, mas é o único existente até agora. "Pretendemos encomendar uma avaliação conclusiva", promete o engenheiro agrônomo José Eduardo Bertoni, do Instituto Florestal de São Paulo. "Até que provem o contrário, porém, o jequitibá tem 3.020 anos."

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